A contaminação ambiental é uma das principais preocupações da sociedade moderna. Diversas atividades humanas, como a produção industrial, o uso de agrotóxicos e a disposição inadequada de resíduos, têm impactos negativos no meio ambiente e na saúde humana.
Nesse contexto, a recuperação/remediação ambiental de áreas contaminadas é uma importante ferramenta para minimizar os danos causados pela contaminação.
Este artigo tem o objetivo de abranger o máximo de informações de forma introdutória no assunto.
Conteúdo sobre Remediação Ambiental
Contextualização
Antes de nos aprofundarmos no assunto é importante revermos alguns conceitos que norteiam o tema. O primeiro deles é:
Significado de Passivo Ambiental
O passivo ambiental é o conjunto de obrigações de curto e longo prazo as empresa têm com a natureza e com a sociedade para promover o melhoramento ambiental.
Ou seja, investimentos em ações para amenizar ou extinguir os danos causados á natureza em decorrência de sua atividade de produção ou processos.
Em razão disso, os passivos ambientais ganharam conotação mais negativa. Dando as empresas que os possuem a imagem de que elas agrediram significativamente o meio ambiente.
Por outro lado, também podem surgir passivos ambientais mesmo quando as empresas tomam medidas preventivas para evitar danos ao meio ambiente. Essas medidas preventivas, embora sejam ambientalmente responsáveis, podem gerar custos financeiros para a empresa. Os custos associados à implementação dessas medidas são o acompanhamento de passivos ambientais.
Agora vamos ao segundo conceito importante na remediação ambiental.
Conceito de Gestão ou gerenciamento de áreas contaminadas.
O Gerenciamento de Áreas Contaminadas é um conjunto de práticas e processos integrados que tem como objetivo identificar, avaliar, controlar, remediar e monitorar áreas que foram protegidas por contaminação, seja por substâncias químicas, materiais ou resíduos, a fim de minimizar os riscos à saúde humana e ao meio ambiente.
Esse processo de gestão é fundamental para lidar com áreas contaminadas, independentemente da origem da contaminação (industrial, agrícola, acidental, entre outras). A gestão de áreas contaminadas envolve várias etapas:
Avaliação preliminar.
Nessa etapa, é realizada uma análise inicial com o objetivo de identificar as áreas potencialmente contaminadas, bem como determinar a necessidade de uma investigação mais aprofundada.
Investigação confirmatória.
É realizada uma investigação mais aprofundada a fim de detectar a presença de agentes de contaminação em seu escopo.
Investigação detalhada.
Nesta etapa, é feito um detalhamento da natureza e da extensão da contaminação.
Avaliação de risco.
É realizado um estudo aprofundado da contaminação, a fim de avaliar os riscos à saúde humana, bem como ao meio ambiente que advenham diretamente da contaminação.
Plano de intervenção
Nesta etapa, é definido um plano para remediar a área contaminada, com medidas adequadas ao tratamento da área e de acordo com a natureza da contaminação.
Ainda, deve ser feito um cronograma para as etapas da intervenção.
Remediação Ambiental
É o conjunto de técnicas e processos utilizados para restaurar áreas que foram contaminadas por poluentes ou substâncias tóxicas, tornando-as seguras para a saúde humana e a preservação ambiental.
Esses processos podem incluir desde a remoção física dos contaminantes até a utilização de processos químicos e biológicos para degradação dos agentes poluentes.
O processo de remediar e/ou recuperar uma área contaminada por ser feito no local afetado, Remediação In situ, ou o material pode ser transportado para tratamento fora do local, Remediação Ex situ.
Monitoramento ambiental
Durante esta fase, é feito o acompanhamento da eficácia das medidas de remediação que ficaram definidas na fase anterior. Ainda, é feito o monitoramento da evolução das condições da área.
O que é o processo de remediação de áreas contaminadas?
São ações do sistema de gestão ambiental que visam reduzir dos teores de contaminantes a níveis seguros e compatíveis com a proteção à saúde humana, seja impedindo ou dificultando a disseminação de substâncias nocivas ao ambiente.
Em linhas gerais, são ações que visam eliminar, reduzir ou controlar os efeitos negativos da contaminação no meio ambiente.
Portanto, podemos considerar que remediar é uma das estratégias mais importantes para recuperar áreas degradadas e prevenir a contaminação de novas áreas.
Confira agora com mais detalhes o conceito de remediação ambiental, sua importância e os principais métodos utilizados. Além disso, falaremos sobre a legislação e as políticas públicas relacionadas ao processo de remediação ambiental.
O que é remediação ambiental?
Remediação Ambiental é o conjunto de técnicas e processos utilizados para restaurar áreas que foram contaminadas por poluentes ou substâncias tóxicas, tornando-as seguras para a saúde humana e a preservação ambiental.
Esses processos podem incluir desde a remoção física dos contaminantes até a utilização de processos químicos e biológicos para degradação dos agentes poluentes.
O processo de remediar e/ou recuperar uma área contaminada é complexo. Envolve uma série de etapas, incluindo a avaliação da contaminação, a seleção dos métodos mais apropriados para a remoção ou neutralização dos contaminantes, além do monitoramento durante sua execução e após a sua conclusão.
Principais Métodos de Remediação Ambiental
Existem diversos métodos ou técnicas de remediação ambiental, cada um com suas características e vantagens por exemplo: Remoção Física de Contaminantes, Remediação Química, Biodegradação e Fitorremediação.
Neste contexto, apresentamos uma descrição mais detalhada sobre cada um desses métodos e exemplos de sua aplicação.
Remoção Física de Contaminantes
A Remediação por remoção física de contaminantes consiste na retirada dos contaminantes do solo ou da água por meio de equipamentos e técnicas específicas. O método é utilizado principalmente em casos de contaminação por óleo ou resíduos sólidos.
Exemplo de aplicação: A remoção de óleo de um vazamento em uma estação de petróleo, onde as equipes utilizam bombas de sucção e barreiras de contenção para recolher todo o óleo vazado.
Remediação química
As técnicas de remediação química são métodos utilizados para tratar solos, água subterrânea e efluentes contaminados por substâncias diversas. Por exemplo, metais pesados, compostos orgânicos voláteis (COVs) e hidrocarbonetos.
Esses métodos envolvem a utilização de reagentes químicos para transformar os contaminantes em substâncias menos tóxicas ou não tóxicas. Ou, então, para facilitar a sua remoção.
Veja algumas das principais técnicas utilizadas:
1. Barreiras Reativas
As Barreiras Reativas são uma técnica de remediação química que utiliza a redução para tratar a contaminação do solo e da água subterrânea in situ. Ou seja, no local onde a contaminação ocorreu, criando uma zona de reação química criada artificialmente.
Esta zona é instalada no caminho do fluxo de água subterrânea contaminada, contendo um material reativo, como ferro metálico zero-valente (Fe0). Assim, este material irá reagir com os contaminantes na água transformando-os em substâncias menos tóxicas ou não tóxicas.
Essa técnica de remediação de passivo ambiental é especialmente eficaz para tratar a contaminação por certos tipos de metais pesados e solventes clorados.
Além disso, as Barreiras Reativas podem operar passivamente por muitos anos, com pouca necessidade de manutenção ou supervisão.
2. Redução Química in Situ (ISCR)
Uma das técnicas de remediação química é a Redução Química In Situ (ISCR, do inglês In Situ Chemical Reduction). De fato, é uma técnica que envolve a aplicação de um agente redutor diretamente no solo ou água subterrânea contaminada.
O processo envolve a associação de uma fonte de carbono com ferro zero valente (ZVI), propiciando condições para um ambiente extremamente redutor. Por isso, permite a aceleração da degradação dos contaminantes.
Esta técnica é usada para transformar contaminantes químicos em formas menos tóxicas ou não tóxicas. Nesse sentido, inclui certos metais pesados e compostos orgânicos como solventes clorados. De fato, ajuda a reduzir os custos de remediação de forma significativa.
Exemplo de aplicação: A utilização de produtos químicos para tratar a contaminação do solo por metais pesados em um terreno que foi utilizado como depósito de resíduos de mineração.
3. Oxidação In Situ (ISCO)
A Oxidação Química In Situ (ISCO), é uma das principais técnicas de remediação química mais inovadoras para remediação de áreas contaminadas. Nesse sentido, envolve a injeção de oxidantes no subsolo para degradar os contaminantes em compostos mais seguros.
Os oxidantes comumente usados incluem peróxido de hidrogênio, ozônio ou persulfato de sódio e permanganato de potássio. Além disso, é uma técnica particularmente eficaz para a remediação de hidrocarbonetos e COVs.
Ao aplicar a Oxidação In Situ no tratamento do solo contaminado ou na água subterrânea, ocorrem reações químicas de oxirredução dos compostos orgânicos. Com isso, os produtos finais gerados são água, gás carbônico e sais não tóxicos.
4. Ozônio Sparging
O Ozônio Sparging é uma das técnicas de remediação química, que utiliza a injeção de gás ozônio (O3) na água subterrânea contaminada para a oxidação de compostos como BTXE, MTBE, TPH, Clorados e Pesticidas.
O gás O3 é altamente reativo e tem sua aplicação facilitada por meio poroso, comparado com outros oxidantes líquidos, que apresentam maior viscosidade e coeficiente de atrito. Assim, é capaz de obter compostos, como dióxido de carbono, água e sais básicos.
Um dos maiores benefícios dessa técnica é que ela pode ser usada in situ. Ou seja, o tratamento ocorre no local da contaminação, sem a necessidade de escavar ou remover o solo. Contudo, não é uma técnica que se aplica a contaminantes no solo.
Biodegradação
A biodegradação consiste na utilização de microrganismos para degradar os contaminantes do solo ou da água. Esses microrganismos consomem os contaminantes e os transformam em produtos menos tóxicos.
Exemplo de aplicação: A utilização de bactérias para tratar a contaminação por hidrocarbonetos em um terreno que foi utilizado como posto de combustível.
Fitorremediação
A fitorremediação consiste na utilização de plantas para absorver os contaminantes do solo ou da água. As plantas absorvem os contaminantes por meio de suas raízes e os armazenam em suas estruturas.
Exemplo de aplicação: A utilização de plantas para tratar a contaminação por metais pesados em um terreno que foi utilizado como depósito de resíduos de indústrias de mineração.
Em resumo, existem diversos métodos e técnicas de remediação ambiental, sendo que a escolha do método a ser utilizado depende das características da contaminação e do ambiente afetado.
A aplicação do método mais adequado deve ser realizada por profissionais capacitados e devidamente especializados.
Como é Feita a Remediação Ambiental?
A remediação ambiental pode ser realizada por meio de duas técnicas: in situ e ex situ; com a possibilidade de usar as duas simultaneamente. A escolha vai depender da avaliação do tipo e da extensão da contaminação, análise do local afetado e características química dos contaminantes.
Por isso, é necessário realizar um conjunto de etapas anteriores que incluem: Avaliação Preliminar Ambiental, Investigação Confirmatória, Investigação Detalhada, Avaliação de Risco à Saúde Humana
e elaborar o Plano de Intervenção.
Ela pode ser realizada em tratamento de solos contaminados, águas subterrâneas, águas superficiais e atmosfera.
Depois disso, é necessário planejar, executar e monitorar as atividades de remediação, a fim de garantir a eficácia do processo e a segurança da saúde humana e do meio ambiente.
É importante ressaltar que a Remediação Ambiental é uma atividade essencial para a preservação do meio ambiente e da saúde humana e deve ser realizada com cuidado e rigor para garantir a efetividade do processo.
Quem pode Fazer a Remediação Ambiental?
A Remediação pode ser realizada por empresas especializadas, equipes de engenharia ambiental ou pelo governo, dependendo das circunstâncias.
É importante ressaltar que a equipe responsável pela sua execução tenha conhecimento técnico e experiência para lidar com os diversos tipos de contaminantes e situações que possam ocorrer durante o processo de remediação.
Além disso, é necessário que a equipe tenha equipamentos e tecnologias adequados para garantir a efetividade do processo e a segurança da saúde humana e do meio ambiente.
Na maioria dos casos, as empresas responsáveis pela poluição são obrigadas a arcar com os custos da recuperação do passivo ambiental como forma de compensar os danos causados ao meio ambiente e à saúde humana.
Principais Objetivos da Remediação Ambiental
A contaminação ambiental pode causar diversos danos à saúde, como problemas respiratórios, câncer, problemas neurológicos, entre outros. A remediação é portanto, uma importante estratégia para minimizar esses riscos à saúde humana.
Além da proteção da saúde humana, também é importante para a preservação do meio ambiente. A contaminação ambiental pode afetar negativamente a fauna, flora e os ecossistemas em geral.
Desse modo, com as técnicas para remediar áreas contaminadas é possível restaurar a biodiversidade e os ecossistemas afetados pela contaminação, além de promover a melhoria da qualidade de vida da população.
Resumindo, seus principais objetivos são a proteção da saúde humana e a preservação do meio ambiente.
Por que remediar áreas contaminadas?
A contaminação ambiental é um problema grave que pode trazer diversos impactos negativos para a sociedade. Por isso, é fundamental que as ações para recuperar/recuperar áreas contaminadas sejam realizada sempre que houver a presença de contaminantes no meio ambiente.
Além da proteção da saúde humana e do meio ambiente, essas ações são importantes para a recuperação e preservação dos recursos naturais.
A contaminação ambiental pode afetar a qualidade dos recursos naturais, como água e solo, que são fundamentais para a sobrevivência da vida no planeta. Com a Remediação Ambiental, é possível recuperar esses recursos e garantir a sua disponibilidade para as gerações futuras.
Além disso, pode contribuir para a revitalização de áreas urbanas e industriais. Áreas contaminadas podem se tornar locais abandonados e degradados, afetando a qualidade de vida das pessoas que vivem nesses locais.
Com a Remediação Ambiental, é possível recuperar essas áreas e transformá-las em espaços seguros e saudáveis para a população.
Qual a diferença entre recuperação ambiental e remediação?
Considerando que as diferenças entre recuperação, remediação e restauração ambiental são relacionadas, é importante tratar da associação entre remediação e a recuperação ambiental.
De fato, são duas estratégias usadas para tratar áreas que foram degradadas ou contaminadas, muitas vezes, devido à ação humana. Embora sejam usados de forma intercambiável, eles se referem a diferentes processos.
Recuperação Ambiental
Tem por objetivo recuperar um ecossistema ou uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser distinta de sua condição original.
Remediação Ambiental
Consiste em uma subcategoria da recuperação ambiental, que se concentra no tratamento de contaminantes químicos presentes em um ambiente. De fato, trata-se de um processo empregado em áreas que foram poluídas ou contaminadas por:
- Vazamentos de substâncias químicas;
- Derramamentos de petróleo;
- Resíduos industriais, dentre outros.
A remediação ambiental envolve o uso de técnicas físicas, químicas ou biológicas para reduzir a concentração de contaminantes a um nível seguro. Desse modo, tem como objetivo minimizar os riscos para a saúde humana e o ambiente.
Portanto, a remediação é frequentemente um componente da recuperação ambiental, que abrange um conjunto mais amplo de objetivos para tratar um ecossistema degradado.
Legislação e Políticas Públicas de Remediação Ambiental
A legislação ambiental varia de país para país e pode ter um grande impacto na implementação da Remediação Ambiental. Em muitos países, as leis ambientais incluem requisitos específicos para sua execução, estabelecendo critérios para avaliar a extensão da contaminação, definir a responsabilidade pelas atividades de remediação, bem como estabelecer padrões de qualidade do ar, água e solo.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a Lei de Conservação e Recuperação de Recursos (RCRA) e a Lei de Água Limpa (CWA) estabelecem padrões para a remediação de áreas contaminadas e exigem que empresas e governos sejam responsáveis pela prevenção, mitigação e reparação da contaminação. Na União Europeia, a Diretiva de Responsabilidade Ambiental estabelece o princípio “poluidor-pagador”, que responsabiliza os poluidores pelos custos da remediação ambiental.
Além disso, políticas públicas podem incentivar ou exigir a remediação ambiental. Por exemplo, programas governamentais que oferecem financiamento ou incentivos fiscais para a limpeza de áreas contaminadas podem encorajar empresas a assumir a responsabilidade pela remediação. Em alguns países, como o Brasil, a remediação ambiental é exigida como condição para a obtenção de licenças ambientais para a operação de empresas.
Em suma, a legislação ambiental e as políticas públicas desempenham um papel crucial nas ações para recuperar áreas contaminadas. As regulamentações podem estabelecer padrões para avaliar a contaminação, definir responsabilidades e garantir que os poluidores arquem com os custos da remediação.
As políticas públicas podem incentivar ações por meio de financiamento ou incentivos fiscais e, em alguns casos, tornar a remediação ambiental uma exigência legal para operar negócios.
Conclusões
Ao longo deste artigo, foi abordado o conceito e significado de Remediação Ambiental, sua importância na preservação do meio ambiente e na saúde humana, bem como os principais métodos utilizados para a remediar áreas contaminadas. Também foi discutida a legislação ambiental em diferentes países e as políticas públicas que incentivam ou exigem sua execução.
A Remediação Ambiental é crucial para mitigar e reparar os danos causados ao meio ambiente e à saúde humana pela contaminação. Além disso, ela pode ser fundamental para a revitalização de áreas urbanas e industriais, proporcionando um ambiente mais saudável e seguro para a comunidade local.
Diante disso, é importante incentivar ações de Remediação e conscientizar a sociedade sobre a importância da preservação ambiental. Pequenas ações diárias, como a reciclagem e o uso consciente de recursos naturais, podem ajudar a prevenir a contaminação e a necessidade de remediação. Além disso, é necessário que empresas e governos assumam a responsabilidade pela prevenção e reparação da contaminação, seguindo as regulamentações e as políticas públicas.
Assim, é fundamental que a sociedade como um todo se engaje na preservação do meio ambiente e na promoção de ações que visem recuperar as áreas degradadas, garantindo um futuro mais saudável e sustentável para as próximas gerações.
Consulte o Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas da CETESB para maiores informações